Se procuras soluções mais ecológicas para o teu negócio segue algumas destas dicas que te podem ajudar a reduzir a pegada de carbono na tua empresa e a produzires de uma forma mais clean.
O impacto ambiental só será menor quando, quer os clientes quer as empresas, procurem alternativas sustentáveis, alterem os seus valores e as suas atitudes tomem consciência do impacto que as suas ações individuais têm no nosso planeta.
1 – Reduz – Reutiliza – Recicla
Até 2030 Portugal terá que reciclar 70% de embalagens e para atingir esse objetivo é necessário que comece já a:
- Promover a economia circular;
- Aumentar a eficiência dos processos de reciclagem;
- Reduzir os Plásticos de Uso Único e contribuindo assim para a redução do seu consumo e do seu impacto no ambiente e nos oceanos;
- Reduzir a produção de resíduos indiferenciados e,
- Promover a separação dos resíduos valorizáveis.
2 – Em cada encomenda reduz o impacto das embalagens
A embalagem é um produto que transporta outro produto e acaba por ser de uso único pois, na maior parte dos casos, é descartada quando chega ao seu destino final.
Além disso, a cada produto vendido são adicionados vários subprodutos, tais como, a maior parte também descartáveis: Sacos, caixas, cartões, papel de embrulho, fita adesiva, laços, proteções, etiquetas de transporte, guias de remessa, são alguns dos subprodutos que acompanham cada venda.
Para reduzires, de forma eficaz, a pegada da tua empresa adequa o tamanho, o material e o formato das embalagens e questiona sobre a necessidade de forneceres todos esses subprodutos em cada venda.
Toma mota que:
- Quanto menor a tamanho da caixa, menor é o gasto em matéria-prima e menor a cubicagem do transporte.
- Quanto ao formato, para que possa ser empilhada com facilidade e para otimizar o transporte prefere as embalagens quadradas ou retangulares.
- Por fim não esqueças de escolheres tipos de materiais de embalagem de origem reciclada.
Para fechares a embalagem, ao contrário da fita adesiva plástica tradicional, opta por fita gomada feita a partir de papel kraft. Esta fita é resistente, com alta adesividade pois possui uma camada de cola vegetal (feita de amido) que é ativada com água e, em alguns casos, pode ser personalizada. É uma solução completamente reciclável que se decompõe em 6 meses.
Já a fita gomada reforçada não pode ser reciclada porque contém fios de poliéster que são difíceis de serem separados da fita.
3- Prefere Itens de papelaria/Informativos ecofriendly
Os cartões de visita e os panfletos são ecofriendly se utilizares materiais de baixo impacto na natureza, tais como:
Papel Kraft - Feito a partir de matéria-prima virgem de cascas e fibras de árvores não passa pelo processo químico de branqueamento. É resistente e tem uma cor acastanhada.
Papel Manilha - De origem reciclada, encontra-se habitualmente nas cores branco, bege e rosa. É resistente e muito utilizado no embalamento de vidros e espelhos.
Papel Reciclado - É feito a partir do trituramento de outros papéis e não é tão resistente. Encontra-se em diversas cores e gramagens.
Papel Semente – É um papel reciclado que contém sementes e que, mais tarde, por compostagem ou por depósito direto na terra pode gerar novas plantinhas.
De qualquer modo antes de tomares a decisão de encomendares os cartões de visita e os panfletos questiona-te se são mesmo necessários ou se podes recorrer à Web para divulgar essa informação.
4 – Proteje os produtos sem utilizares plástico
Muitas vezes recorremos ao plástico bolha ou à esferovite para proteger o produto, mas ambos são materiais plásticos, ou seja derivados do petróleo cuja decomposição no meio ambiente é muito demorada.
Atualmente já existem algumas variantes desses materiais que incluem matéria-prima vegetal, como a cana-de-açúcar, mas mesmo assim a matéria-prima continua a ser muito durável para o fim a que se destina.
Em alguns países já se produz o BioPack. São uns tubinhos semelhantes a esferovite, mas feitos 100% de milho, solúveis em água, biodegradáveis e compostáveis. Podem ser vendidos no formato de floco, ou ser moldados a diversos tipos de embalagens sem recorrer a moldes. Como são antiestáticos podem proteger os equipamentos eletrónicos. Com um desempenho semelhante ao da esferovite, após o seu uso, pode ir para o lixo orgânico ou deixar-se na terra.
Alternativamente podes proteger os teus produtos com farripas de papel reciclado. Acaba por ser um material que se encontra com facilidade no mercado e com preço acessível.
5– Diminui os químicos
Ao produzires ou limpares prefere produtos biodegradáveis, de origem vegetal ou com poucos químicos, incluindo sabões e detergentes naturais.
O uso de produtos químicos gera níveis elevados de poluição, não só pelas embalagens dos químicos, que não podem ser reutilizadas, mas também pelo seu uso.
6 – Seleciona Fornecedores com impacto ambiental menor
Prefere fornecedores com certificados ambientais, que utilizem menos poluentes ou que utilizem matérias-primas vegetais e renováveis.
Os pequenos produtores locais normalmente têm produções mais justas e um impacto ambiental menor o que acaba por ser uma boa alternativa.
7 – Pesquisa com frequência
É essencial manteres-te informado e acompanhares as mudanças. Todos os dias surgem novas pesquisas e alternativas sustentáveis. Inclusivamente já existem plataformas virtuais onde podes encontrar produtores e produtos sustentáveis.
8- Foca o processo e os desperdícios
Ao observares com atenção o teu processo produtivo vais, com toda a certeza, encontrar formas de otimizar processos e reduzir os desperdícios provenientes do processo produtivo.
E se, mesmo assim, ainda existirem sobras ou refugos oferece-os a empresas que os possam utilizar ou pensa numa forma de os utilizares.
9 – Prefere materiais de origem vegetal - São o futuro
Os materiais de origem microbiológica (bactérias) e vegetal quebram todos os paradigmas:
- Consomem pouca água no processo,
- São de origem renovável,
- Utilizam materiais habitualmente descartáveis,
- Podem ser reciclados e,
- São super resistentes.
Os materiais sustentáveis são renováveis, biodegradáveis, reciclados, recicláveis e duráveis.
O plástico biodegradável de origem vegetal é mais limpo, biodegradável e compostável e parece ser uma boa alternativa ao plástico sintético, produzido a partir do petróleo. Pode ser feito de amido de mandioca, de cana de açúcar, de milho, ou até de batata.
Uma grande vantagem é que permanece menos tempo no meio ambiente, pois pode ser biodegradado por bactérias, algas e fungos, que o convertem em biomassa, dióxido de carbono e água, e assim não gera microplásticos.
Para que seja biodegradável, é necessário que seja recolhido e encaminhado para instalações de compostagem. Com a ação de micro-organismos e condições favoráveis pode decompor-se em 180 dias, enquanto o plástico tradicional pode demorar 200 a 400 anos para se decompor na natureza. Isso ajuda a aumentar a vida útil dos aterros sanitários e, se for tratado para compostagem, pode tornar-se adubo orgânico.
No entanto, se não forem segregados corretamente podem tornar-se tão nocivos quanto os plásticos convencionais.
Isso quer dizer que há necessidade de conscientização e instrução a toda a população para que os sacos biodegradáveis cheguem ao destino correto. Além disso, plásticos biodegradáveis ainda não apresentam as mesmas propriedades mecânicas e funcionais dos plásticos convencionais, o que pode ser considerada uma desvantagem.
Durante o crescimento da planta consome CO2. E por cada quilo de bioplástico produzido são consumidos 2 a 6 quilos de carbono contra os 2 a 4 quilos de carbono emitidos durante a produção do plástico de petróleo.
Os custos de produção são um grande desafio. O plástico biodegradável é mais caro que o plástico convencional. O quilograma de um polímero biodegradável pode ser mais que o dobro do preço de um polímero de fonte não renovável. Isso ocorre também porque algumas fontes, como amido e celulose, acabam por sofrer com a concorrência do setor de alimentos. Além disso, como a biodegradabilidade precisa de uma instalação de compostagem, há o custo energético e operacional para que não polua o meio ambiente.
Mas a correta utilização e segregação de plásticos biodegradáveis podem trazer bastantes benefícios socioeconómicos, como: redução de lixo e de poluição e menor impacto na saúde e no meio ambiente.
Tome nota que nem sempre a nomenclatura do plástico permite concluir se ele é, ou não, biodegradável. Um plástico, para ser biodegradável necessita de quebrar as ligações das moléculas, mas também de uma ação enzimática. Os plásticos biodegradáveis podem ser feitos por meio de polímeros naturais ou sintéticos. Dentre os polímeros naturais, destacam-se a celulose e o amido. Já entre os polímeros sintéticos, destacam-se os poliésteres.
Há alguns plásticos que são chamados de oxibiodegradáveis, contudo não são biodegradáveis pois são inseridos aditivos pró-oxidantes, para quebrarem os polímeros comuns em compostos de menor massa molar por ação da luz e ar. Todavia, isso não os torna biodegradável.
Também existem os bioplásticos, que nem sempre são biodegradáveis. Existem bioplásticos feitos por meio da cana-de-açúcar, uma fonte renovável, mas que não são biodegradáveis e existem bioplásticos que são de origem fóssil, porém biodegradáveis.
Também no Couro existem confusões com as nomenclaturas. Nem todo o couro ecológico é vegano. Confira aqui os 4 tipos principais:
Couro legítimo ou natural não é vegano - É extraído de pele animal. Todos os anos, a indústria mundial do couro abate mais de um bilhão de animais. A China e Índia estão entre os líderes mundiais na exportação de couro. Na China não há leis quanto ao abuso de animais em cativeiro e, para além do gado, matam outros animais como ovelhas, cães e gatos para lhes retirarem as peles. Inclusive, o couro de cão e gato é muitas vezes intencionalmente rotulado de forma errada para que quem o use não saiba da sua origem.
Couro ecológico. É couro animal e não é vegano - Embora se possa pensar o contrário, o couro ecológico é um produto de origem animal. É extraído principalmente de pele bovina, mas também podem ser utilizadas peles de crocodilo, rãs, peixes ou outros animais. Na grande maioria dos casos, a diferença está no tratamento/curtimento do tecido, em que se substituem os materiais pesados, como o cromo, por sustâncias alternativas supostamente mais ecológicas . Só que a indústria da carne, ovo ou leite (de onde a grande maioria do couro tem origem) não é ecológica e utilizar o termo ecológico ou sustentável em peças de origem animal é recorrente e equivocado. afinal indústrias que exploram animais estão a ir no sentido contrário ao significado dessas expressões. Não basta substituir alguns produtos, substâncias ou reutilizar a pele do animal que iria para o lixo, para que uma peça possa ser considerada ecológica. A indústria da moda tenta cada vez mais inserir-se na suposta luta pela defesa do meio ambiente, mesmo seguindo em sentido contrário. Lá porque utiliza substâncias com menos impacto ambiental, menos nocivas ou menos poluentes não faz dos tecidos ecológicos já que a sua origem não é nada ecológica.
O documentário Cowspiracy pode ajudar-te a entender melhor o impacto ambiental da indústria da carne, ovo e leite.
Couro sintético pode ser vegano - Não há pele animal nesse material. É sinteticamente desenvolvido com poliéster, poliuretano e, sobretudo, um produto chamado policloreto vinílico. É mais acessível, os processos de produção são mais variados, e as opções de compra são mais amplas. Está tão evoluído que, quando é de boa qualidade, quase todos o confundem com o couro de origem animal. Isso ocorre tanto no setor automóvel como nos fabricantes de cintos, bolsas e calçado, pois possui aroma, textura e tacto igual ao do couro original. Antes de chamar qualquer produto feito a partir de couro como sintético de vegano, verifique se a marca/fabricante do produto não está envolvida com outros tipos de exploração animal.
Couro vegetal pode ser de origem animal e denominado como ecológico ou ser 100% vegetal - Questione o fabricante. Ainda não existem muitas informações e garantias de produção referente a esse tipo de tecido.
Na Itália, já existe fabrico a partir de resíduos da produção do vinho, e no Brasil, é utilizado como base um tecido de algodão banhado em látex. No entanto, algumas marcas ainda podem misturar produtos/subprodutos ou traços de origem animal, em alguma etapa de produção do couro vegetal. Assim, não há garantia de que produtos que possuam a expressão couro vegetal sejam realmente veganos.
Couro feito de folha de abacaxi - O Piñatex é um couro vegetal e produzido a partir das fibras de folhas de abacaxi. Esse couro, feito de folhas de abacaxi é macio, leve, flexível, moldável e facilmente tingido para aplicações em sapatos, bolsas e estofos. Pode ser uma alternativa inteligente para quem se preocupa com o meio ambiente, com o bem-estar animal e pratica o consumo consciente. Para fazer um metro quadrado de Piñatex, são necessárias 480 folhas de abacaxi.
Além disso, outro subproduto criado no processo é a biomassa do abacaxi, que pode ser convertida em fertilizante orgânico ou biogás.
Os Tecidos biológicos de bactérias ou Biotecidos são tecnologias produzidas a partir de materiais biológicos com baixo impacto ambiental, como troncos de árvore, folhas de árvores, papel vegetal e colónias de bactérias e fungos. O interessante das peças de biotecido é que é possível adicionar aromas e medicamentos, fazendo com que, por exemplo, também exerçam funções curativas.
Uma empresa californiana - Bolt Threads - lançou dois tipos diferentes de biotecidos. Um deles é a microseda, produzida por leveduras com genes de aranha, que faz com que estes seres produzam fios parecidos com teias. O segundo é um couro biofabricado a partir de células de micélio, uma parte do sistema de filamentos de alguns tipos de fungos, como os cogumelos. O nome comercial desse biotecido é Mylo, e é usado para fazer roupas, cintos e sapatos por ser muito parecido com o couro de origem animal.
Os biotecidos parecem ser uma alternativa aos tecidos de plástico que são um problema ambiental ao libertarem microplásticos, nos rios e mares, após lavagem na máquina de lavar roupa. Uma vez no ambiente, os microplásticos podem entrar na cadeia alimentar e ter impacto na saúde humana, tais como, piorar a asma, inflamar o sistema imunológico, danificar os órgãos internos e até chegar às placentas de mulheres grávidas.
Um estudo publicado na revista Nature avaliou a poluição de microplásticos causada por processos de lavagem de têxteis sintéticos. Os resultados mostraram que as microfibras libertadas durante a lavagem variam de 124 a 308 mg por kg de tecido lavado dependendo do tipo de peça de roupa lavada.
Além do problema das micropartículas, os tecidos de plástico são difíceis de reciclar ocupando bastante espaço nos aterros sanitários, quando são descartados incorretamente.
10 – Impacto positivo – Envolva e impressione os clientes
Implementar medidas mais sustentáveis é, normalmente, um processo caro e encarece o valor dos produtos vendidos.
Podemos ver as coisas somente por essa ótica, ou entender que isso agrega valor aos produtos, porque:
- produtos sustentáveis são menos poluentes
- usam menos químicos
- são recicláveis e, geralmente
- mais duráveis.
Expõe essas informações ao cliente para que ele saiba exatamente o que é que está a pagar e que no valor que lhe é cobrado existe uma preocupação socioambiental.
A ideia é impactar positivamente. Compartilha as tuas mudanças internas, as inovações que descobriste ou implementaste, quer na marca, quer no dia-a-dia.
Conversa com os clientes, publica e divulga informações sobre sustentabilidade. Essa tomada de consciência também gera impacto positivo no meio ambiente.
Fontes:
https://www.joseneves.pt/reciclagem-em-portugal-novas-metas-e-tendencias/ 21 Janeiro, 2022
https://cnnportugal.iol.pt/geral/29-12-2021/objetivo-para-2030-reciclar-70-de-embalagens -29 dez 2021,
https://www.ecycle.com.br/biotecidos/ -03 de Agosto de 2020
https://www.ffdesign.cc/single-post/2020/06/01/marca-ecofriendly - Martina Bollentini - 2 de jun. de 2020
https://www.petalatino.com/sobre/
http://arivegan.com/2018/11/29/entenda-a-diferenca-entre-couro-sintetico-vegetal-ecologico-e-animal/